segunda-feira, 6 de abril de 2009

Último Sopro

Carina olhava as estrelas que se mostravam no céu, como fazia toda a noite. Contando cada uma, observa que uma ali não estava. O vento corre entre seus cabelos, trazendo um recado, dizendo o inesperado.
Quem poderia entender se não a doce e jovem Carina, que brinca com a natureza, graceja o rio, se esconde na mata, acorda numa gruta.
Quem melhor do que ela, talvez menina selvagem?
Carina era jovem de mais para entender as coisas de uma vida moderna, mas moça para comandar a natureza?
Carina menina do mato, ou menina da mata?
Carina doce amazona que doma corcéis, sobe nas maiores copas de árvores, escala montanha, se banha no rio, e vive como a imperatriz de um lugar onde poucos conseguem chegar, mas os que chegam não querem sair.
Carina já foi jovem da cidade, mas não troca sua paz da vida selvagem por acomodações luxuosas, vive como pantera, passeia como onça, caça como leoa.
Carina trocou isso tudo quando certa tarde saindo de seu serviço de editora ouviu a lamentação de certo alguém... Não seria alguém, seria o vento a chamar gracioso a encantar, o mesmo que quando menina seu avô ensinara a ouvir.
Muitos bem que a avisaram, para assim não dar ouvidos aos ventos uivantes. E agora a pobre menina fala com toda a selva.
E o vento...?
Trazia o recado que o corcel indomado, assim que aprisionado, morrera de dor, pela mata que nunca mais desfrutou.

3 comentários:

  1. Belo texto, lembra muito José de Alencar com suas prosas líricas, em que, tecnicas narrativas e poéticas coexistem. Alusão completa ao romantismo, fuga para a vida natural exaltando as matas e os recursos naturais em pararelo com a conturbada vida urbana.Como diz Roussseau, o que corrompe o homem é a sociedade, e vemos aqui através do bom selvagem, o esboço de vários valores e atitudes simples que vão sendo esquecidas com o passar dos anos pela ascensção dos hábitos rotulados como modernos.E...Assim como adorei o texto, não posso deixar de dizer q adoro mto quem o escreveu!

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  2. Não nos percamos em nosso dia-a-dia, a vida é para viver e não deixar que ela simplesmente passe, para não nós afogarmos em nossas ilusões imediatistas. Bom foi isso que eu entendi do texto né...!!!!

    Mais ficou muito bom mesmo Sheiloca!!!! ahuihahaiua

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  3. Quando alguém ouve a voz do vento é porque já ouviu a poesia do "...olhai as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam e nem fazem provimentos em celeiros, no entanto, o Pai as alimenta. Olhai como crescem os lírios dos campos, não trabalham nem fiam e mesmo Salomão, em toda sua glória, jamais se vestiu como um deles." A prosa, a poesia do Mestre da Galiléia ecoa em todos os cantos do planeta, mas só ouve, "quem tem ouvidos para ouvir", e quando alguém ouve, já não vive mais para as ansiedades do dia-a-dia, escolhe "a melhor parte, que não lhe será tirada".

    Sheila um grande beijo, com todo carinho.
    Pelo que você escreveu posso sentir que você escolheu a " boa parte".
    Ficou muito bom. Milhões de beijinhos.......

    Sua Rosa Predileta (AH, AH, AH...)

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